Há dias, em diálogo com um meu amigo, abordamos o tema da fraca ou quase inexistente participação da população avense em actividades de cidadania, o alheamento sistemático e desmesurado em comparação com populações de freguesias circunvizinhas pertencentes a outros concelhos.
Depois de analisarmos vários factores que possam estar na origem das causas desta postura, chegamos á seguinte conclusão:
Só poderá haver uma forte razão para que esta situação persista na nossa comunidade.
Nada disto, acontece por mero acaso.
Essa razão quanto a nós, tem a ver com o clima de medo instalado no subconsciente das pessoas!
Este medo endémico tem naturalmente origens culturais ancestrais, com uma forte incidência no regime proveniente do “Estado Novo”, mas, nos tempos de hoje, há responsáveis de instituições locais apostados em manter e até se possível promover, aprofundar e reforçar este fantasma do medo, com fins estratégicos para obter resultados e dividendos com vista aos seus interesses de classe ou grupo.
Os tempos que decorrem na nossa sociedade, designadamente com o enorme desemprego, são tempos muito difíceis, que proporcionam o reforço do medo como um método, a levar á prática através de parcerias de promiscuidade existente entre a política e a religião, ou seja, entre duas figuras proeminentes da nossa comunidade, Castro Fernandes (Presidente da Câmara) e Fernando Abreu (Pároco de Vila das Aves) os quais lideram um grupo local pouco habilitado, senhores de grandes interesses instalados e que se acoitam por detrás destas duas figuras públicas, a prová-lo está, a recente mistificação de um pseudodebate sobre o tratado europeu realizado pelas ditas Jornadas Culturais, que até então eram organizadas pela igreja, que se esperava fossem plurais, mas, rapidamente para espanto nosso, se transformaram, num veículo de propaganda ao serviço da política do governo, pela mão de Castro Fernandes com a anuência de Fernando Abreu.
Quanto a nós, o responsável da igreja local, que se devia manter equidistante, neutral e isento respeitando a pluralidade subjacente ao cargo que ocupa, calculou muito mal o acto de se intrometer de forma encapotada na actividade política local.
É sabido que o medo foi e continua a ser, um instrumento utilizado ao longo dos séculos, pelas instituições do poder seja ele político ou religioso, como um estigma e como um dos grandes meios de manipulação das pessoas no sentido de as condicionar e submeter aos desígnios dessas mesmas instituições principalmente quando funcionam em “santa aliança” de interesses.
Poderá aqui, alguém perguntar:
Mas, afinal como será que estas instituições promovem o medo, inibindo as pessoas de participarem em actividades de cidadania que não se identifiquem com o poder?
É muito simples e está ao alcance de qualquer um entender.
Medo, antes de mais, da referida promiscuidade existente.
Depois o medo, de recorrer aos serviços camarários em que muitas das vezes a decisão final é submetida aos critérios do Presidente, que poderá usar ou não de vinganças políticas, quem nunca, por exemplo, precisou de uma licençazinha para construir qualquer habitação, garagem ou anexo, ou até abrir um negócio?
Dirão alguns, para não termos problemas, o melhor é sermos todos do partido de Castro Fernandes!
Há um dito antigo, retrógrado, que dizia: Há três pessoas na terra, com quem nos devemos dar bem, o Presidente da Câmara, o Regedor e o Padre, porquê?
Quem nunca, por ventura recorre ou já recorreu ao Presidente da Câmara na busca de um emprego para si ou para os seus, aliás, o que não será vergonha nenhuma, na medida em que é sabido a função social de uma Câmara Municipal.
Quem nunca por retaliação política, viu deitar abaixo um prédio já construído?
Quem já obteve benesses de um Presidente da Câmara, que fecha os olhos às construções ilegais, clandestinas dos amigos e manda deitar abaixo um prédio que ele próprio tinha licenciado, apenas por uma mera questão de retaliação política e pessoal?
Estas atitudes, identificam bem o carácter omnipotente e anti-democrático de Castro Fernandes, homem que apenas se preocupa com a sua autopromoção política e se fez aliado da revolução do 25 de Abril, para melhor a poder destruir.