Wednesday, October 15, 2008

ESPERANÇA E CONFIANÇA


Muito se tem falado sobre as “Novas Tecnologias”:
As emergentes tecnologias virão sem duvida criar instrumentos de desenvolvimento económico, que a meu ver se devem traduzir em bem estar e felicidade da humanidade em geral e não reverta como sempre em favor de uma casta de privilegiados que, na ausência de regras devidamente estabelecidas pelos governantes, acabam sempre por se apropriarem dos resultados em prejuízo da esmagadora maioria da população, como vem acontecendo até aos nossos dias, porque, enquanto não for posta em prática de facto uma nova ordem económica mundial, de pouca ou nada servirá o aparecimento das novas tecnologias.
E como o futuro tem tudo a ver com o passado, tomo como exemplo: os finais do século XIX e princípios do século XX, em que um tecelão trabalhava apenas com um tear mecânico e com o avanço das novas tecnologias acabou por trabalhar com 20 e mais teares automáticos, feitas as contas os resultados da aplicação dessas novas tecnologias acabaram por resultarem no benefício ou lucro do patrão, sendo que o trabalhador viu aumentado o ritmo de trabalho, sem contudo obter qualquer vantagem com o aparecimento das novas tecnologias da época.
Com as novas tecnologias, tudo se ganha ou tudo se perde, tudo depende de quem irá tirar proveito dos resultados finais.
Vem esta introdução a propósito da euforia e grande alarido que por vezes se torna empolgante, pelo menos na arte do espectáculo televisivo em que o papel do “artista principal” é protagonizado pelo primeiro-ministro José Sócrates, que já mostrou ser perito em artes mágicas, quando todos menos esperam, tira 130 mil novos empregos da cartola mesmo contando, claro está, com milhares de jovens emigrantes portugueses ultimamente empregados no estrangeiro, ou seja, estamos na presença de um verdadeiro génio da magia.
O que este senhor nos quer convencer, é que de repente “descobriu a pólvora” quase como que o aparecimento das novas tecnologias por um simples estalar dos dedos ou clique, se devem a ele e que desde logo, vão ser a panaceia dos problemas do País, o que na verdade é pura fantasia e ficção, sobretudo enquanto se mantiver esta política de subserviência e sufoco tutelada pelas multinacionais da União Europeia e Estados Unidos da América.
É sabido que as pessoas que vão acabar por ser os operadores desses novos instrumentos tecnológicos, em nada vão tirar vantagens dessa situação, comparado ao que sempre tem acontecido ao longo dos séculos, com o aparecimento de novas tecnologias, como atrás referi.
Concretamente um operador de computador, por exemplo: antes de mais tem de ter um posto de trabalho com direitos, depois, um salário digno capaz de constituir uma família com um mínimo de dignidade e felicidade, caso contrário as novas tecnologias são um”bluff”.
Sempre que aparecem novas tecnologias, infelizmente muito pouco ou nada tem revertido para o bem-estar e felicidade das pessoas, acabam sempre por se traduzir em mais lucros para grandes empresas e multinacionais.
Não será com certeza o ”Magalhães” a varinha mágica que vai dar saída ao atoleiro em que nos meteram as políticas desastrosas dos governos do PSD/CDS e PS, nomeadamente na destruição do sector produtivo que está na origem do enorme desemprego que assola o país, juntando a tudo isto, a recente aprovação do Código do Trabalho, não há tecnologia por muito nova e sofisticada que seja, que lhe resista.
Acredito sinceramente nas novas tecnologias, desde que sejam em benefício da população, se entretanto as políticas governamentais fossem orientadas em rumo a uma nova ordem económica de justiça social, (que é para isso que existem os governos), caso contrário, acabam as novas tecnologias por escravizar ainda mais o homem em vez de o libertar, como foi idealizado pelos estudiosos filósofos e cientistas deste mundo.

Monday, October 6, 2008

Privatizar lucros e estatizar prejuízos!

Anda por aí muita gente interessada em fazer crer que o terramoto financeiro surgiu por causa da ganância de alguns gestores ou devido à violação de normas guardiãs do sistema capitalista. Nada disso.

O que se está a viver é o corolário inevitável de anos de economia de casino, do triunfo ideológico do neoliberalismo selvagem, o fim de mais um ciclo de especulação desenfreada, de desvalorização e destruição da economia real, de busca do máximo lucro sempre à custa de maiores níveis de exploração (seja nos salários e pensões, na mobilidade e flexibilidade laborais, ou na degradação de serviços públicos e de direitos duramente conquistados).

Os responsáveis partidários que sempre teceram loas ao "desenvolvimento das forças do mercado", que o endeusaram e lhe criaram os mecanismos e instrumentos para arrastarem poupanças e pensões para o "casino" ou concederem crédito fácil à custa de ordenados e empregos futuros, esses responsáveis - os "barrosos", os "portas", os "silvas" e os "sócrates" - andam agora a imitar Pilatos, a sacudir a água do capote da sua quota-parte de responsabilidades pelo buraco financeiro e pela miséria, o desespero e desemprego que consigo arrasta.

Particularmente irresponsável tem sido a postura do Governo (para além do recente dislate que levou Sócrates a dizer que o "PS não jogava as pensões na Bolsa", escondendo que 20% das reformas está já hoje em acções, talvez na "roleta americana"). Durante meses, o Governo jurou que nada havia a temer, a banca estava firme, a economia nacional tinha adquirido uma robustez que a colocava a coberto da crise. Hoje, percebe-se que tais profissões de fé, pretensamente para manter a confiança, caem pela base face à realidade de uma estagnação indesmentível e de um desemprego que ainda vai crescer mais (mesmo com a engenharia estatística governamental).

A pior das irresponsabilidades é a de governantes que pretendem dar uma falsa imagem da situação do seu país.

honorio.novo@sapo.pt