Por sua vez, a Câmara Municipal como representante do povo do concelho junto do governo, pactua com o silêncio cúmplice e a indiferença à dramática situação de pobreza e de fome que se vive no concelho de Santo Tirso e acusa os comunistas de serem falsos e alarmistas, quanto à denúncia que estes fazem do elevado número de desempregados. Quando os desempregados terminam o fundo de desemprego, os seus nomes são eliminados dos ficheiros do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), logo a Câmara Municipal vem dizer, que há menos desemprego no concelho de Santo Tirso e no País, o que na realidade é falso.
Não venham mais os apoiantes do governo, com a “velha treta” de que o mal vem de fora, ou que a culpa é do anterior governo, porque essa desculpa está estafada, já não cola, senão vejamos: Na vizinha Espanha o salário mínimo passou para o dobro do salário mínimo em Portugal, e o custo de vida em bens de primeira necessidade são mais baixos do que em Portugal.
Por conseguinte, o que está aqui em causa, é a incompetência dos governos do PS/PSD/CDS que têm estado no poder nos últimos 32 anos, juntamente com a corrupção siciliana que assola o País, estes, são factores determinantes que nos encaminharam para este beco sem saída. Pagaram para não se produzir, fecharam as fábricas, pagaram para não se cultivar, abandonaram os campos, pagaram para não se pescar, abandonaram as pescas, fecharam maternidades, fecharam escolas, fecharam urgências, fecharam as finanças aqui na Vila das Aves, arruinaram o País em nome de falsos e mentirosos objectivos, quando na verdade o que está subjacente a estas medidas, é sem dúvida a manifesta subserviência dos governos aos interesses de uma oligarquia financeira europeia (veja-se o recente tratado europeu ) e vêm agora, sacudir a água do capote, como que se não tivessem culpa desta miserável situação a que chegamos. O capitalismo da abundância e felicidade que nos prometeram no século XX como miragem, rapidamente se está a transformar no capitalismo da fome da miséria e infelicidade das famílias portuguesas.
“O capitalismo não explora somente o homem; explora também a natureza e apropria-se da natureza de modo a privar a maioria dos homens da sua pátria natural: externa e interna. A natureza é propriedade dos capitalistas. Daí a miséria humana... Apropria-se da natureza para se apropriar da força de trabalho humana: capitalismo é destruição total !”(Saraiva de Sousa).
Depois contemplamos uma casta de pseudo-intelectuais alienados, socialmente insensíveis fechados no seu egocentrismo, alheando-se de tudo o que os rodeia, talvez fruto do tipo de ensino que a burguesia no poder, lhes incutiu fomentando a cultura da competição do individualismo, a cultura do sucesso, o salve-se quem poder, tudo receitas próprias das doutrinas do capitalismo que não olha a meios para atingir os fins, que tem por objectivo o lucro à custa da exploração humana.
O tipo de ensino que temos, tem sido quanto a mim, a razão fundamental da origem deste estado geral do País.
"O pior analfabeto é o analfabeto politico. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, (...) do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo”
(Bertol Bretch).
Sente-se no dia a dia que passa, que o País mais se afunda, sem que nada aconteça, mas, a verdade é que se respira e pressente um ambiente de crispação, de indignação e revolta geral da população.
Não podemos ficar indiferentes ou expectantes à situação que nos rodeia, nomeadamente na aplicação do “novo” código de trabalho com a legalização do trabalho precário e a liberalização dos despedimentos, que contraria frontalmente o direito ao trabalho que está consignado na Constituição da República Portuguesa no CAP III Direitos, Liberdades e Garantias dos Trabalhadores, no artigo nº. 53 (segurança no emprego)
É tempo de manifestar-mos a nossa indignação e o nosso protesto, para dizer basta a tanta injustiça !