A crise do capitalismo que a todo o momento era esperada, tem vindo a revelar-se um tema escaldante, nomeadamente para aqueles que sempre teceram loas à sua eficácia, que viam no capitalismo o paraíso e o último reduto da humanidade.
Aqueles que sempre serviram o capitalismo e que diretamente contribuíram para esta crise, vem agora de forma verdadeiramente espantosa, condenar este colapso atribuindo culpas à ganância de alguns, quando na realidade o que se trata aqui, é de um sistema profundamente injusto que desde sempre funcionou graças aqueles que o apoiam e aparecem agora como salvadores. Com que credibilidade os autores deste descalabro financeiro vem apresentar soluções quando até aqui sempre colaboraram com as políticas desastrosas levadas à prática pelo governo norte-americano e com o apoio incondicional dos governos da União Europeia?
Os que contribuíram para esta crise, afinal, são os mesmos que desde sempre apoiaram o militarismo e o belicismo americano, na invasão do Iraque e Afeganistão, que sempre se recusaram a admitir e negam a passagem pelo território português de voos da CIA com prisioneiros com destino à clandestina e ilegal prisão de Guantánamo, os mesmos que apoiaram os bombardeamentos de Belgrado e reconheceram a independência unilateral do Kosovo sentenciada pelos americanos, enfim, uma panóplia de prepotências levadas a cabo pelo imperialismo, em que os senhores “Silvas”, “Barrosos”, “Portas” e “Sócrates”, dobraram a espinha em louvores a estas atrocidades contra a humanidade.
Os vários e conhecidos pontas de lança do capitalismo, pretendem convencer-nos que a partir de agora tudo irá mudar, como se o capitalismo só por si, algum dia mude.
Para já, é espantosa a descoberta da transição do termo capitalismo selvagem para “capitalismo democrático”, como se alguma vez o capitalismo fosse democrático, depois tentam – nos convencer que os créditos financeiros são o motor das economias, que as economias funcionam graças aos créditos financeiros, isto é, créditos virtuais como se viu até agora. Como se pode ver preparam-se para uma política de refundação do mais o mesmo, com tendências para o agravamento da situação dado que agora os dinheiros públicos dos contribuintes, começam a ser injetados nos bancos em vias de falência e em regime sigiloso, estilo cheque em branco, para continuar a macacada.
Sem pretender ser alarmista, a verdade é que os efeitos desta crise em Portugal tem vindo a ser revelada a conta gotas, para evitar pânico nas pessoas, mas avaliar pelas últimas informações que tenho, podemos em breve sofrer uma surpresa nas reformas da Segurança Social, dado os dinheiros da Segurança Social terem vindo a ser investidos na bolsa internacional, isto é, “casino ou roleta americana”.
Agora deixo a pergunta:
Com que direito um qualquer governo utiliza os dinheiros do fundo de garantia da Segurança Social, para investir em “casinos ou roletas americanas”, com prejuízos já assinaláveis nos cortes das nossas reformas?
Nestes últimos dias, após o colapso do capitalismo, temos vindo a assistir a uma avalanche de “papagaios” televisivos pagos a peso de ouro, para comentar a crise com sugestões ridículas e patéticas de poupança sobre o consumo dos portugueses, há bem pouco tempo, esses mesmos “papagaios” apelavam aos créditos ao consumo, nos atafulhavam as caixas do correio com propaganda de créditos de tentação, são os mesmos que agora vem à televisão dar-nos lições de poupança, isto é, fazer de nós uns imbecis. Outro programa de televisão que em muito tem contribuído para o branqueamento desta crise, é o conhecido programa dos “Prós e Contras” que de prós e contras apenas tem o nome, dada a falta de pluralismo como se viu nos dois recentes programas sobre a crise do capitalismo, onde apenas foi ouvida a opinião de grandes patrões e banqueiros, como se a economia deste país funcionasse só graças a esta gente, ou seja, como dizia o outro: “Os trabalhadores que se danem e o cão que lhe ferre”.
É este o “capitalismo democrático”?
(ANTES DA ACÇÃO)
(DEPOIS DA ACÇÃO)
