Tivemos conhecimento
através do jornal Entre-Margens da apresentação de uma candidatura para a
implementação de uma Unidade de Saúde Familiar, (USF) na Vila das Aves,
que funcionaria nas actuais instalações da Extensão de Saúde, levada a
efeito por um grupo de médicos que exercem a sua actividade no Centro de
Saúde de Negrelos assim como nas Extensões de Saúde de Vila das Aves e
S. Martinho do Campo.
Ora
pela entrevista que li do senhor Ministro da Saúde assim como outros
documentos relativos ao assunto da criação das USF, verifica-se estarmos
na presença de mais uma investida deste governo com o propósito de
desmantelar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
É
de facto uma armadilha muito bem montada para ganhar os profissionais
de saúde através de incentivos monetários, com vista, à obtenção dos
reais objectivos deste governo para, (chamando-lhe reforma), desmantelar e privatizar o SNS.
Reparem
que a decisão da criação destas USF, foi tomada á revelia dos
organismos representativos dos profissionais de saúde, médicos,
enfermeiros e administrativos, estas atitudes nada democráticas assim
como o próprio nome do organismo Unidade de Saúde Familiar, trás água
no bico, (como popularmente se diz).
Quanto
á entrevista que li no jornal Médico de Família, os benefícios destas
medidas, apenas o senhor Ministro da Saúde se referiu ás retribuições
dos profissionais de saúde, como factor nuclear da questão, não lhe
apanhamos em toda a entrevista uma palavra, se quer, sobre os benefícios
dos utentes com a implementação destas novas unidades, ou seja, todo o
resto é tabu.
Tal
como o próprio senhor Ministro da Saúde reconhece as retribuições ou
honorários dos profissionais, são por assim dizer, um primordial
incentivo á criação destes organismos, que funcionarão em regime de
autonomia gerido pelos próprios profissionais, ou seja, a meio passo da
transformação dos actuais Centros de Saúde em clínicas privadas, o
futuro o dirá.
O desmantelamento do SNS é mais um velho sonho que, a ser consentido, infelizmente a direita vai ver concretizado.
Reparem
que a par destas medidas de substituição e encerramentos dos centros de
saúde, hospitais, maternidades, criam-se estes organismos de forma
sub-reptícia, dos quais ninguém sabe ao certo o que se pretende.
Alegadamente e a pretexto da falta de médicos de família, este governo, usa abusivamente de álibis como sempre, para
mais facilmente aos olhos da opinião pública poder devagarinho
desmantelar e privatizar o SNS, aliás, como tem feito noutros bens
públicos, como o abastecimento de água ás populações e outros sectores
da actividade pública, que o diga António Arnaut.
(Artigo publicado no Jornal Entre Margens em 2007)
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