Por aquilo que me é dado a entender, o que resta desta profunda crise do capitalismo, é nem mais nem menos um grande vazio, desânimo e resignação das pessoas, perante todos os atropelos e indignidades que são cometidos pelo poder público e privado, em nome da crise. É sabido, que a tão falada crise e sobretudo a sua propaganda, é de facto, o instrumento mais valioso e apropriado para o poder melhor subverter os valores e direitos de uma sociedade. Não será por acaso, que vemos grandes empresários aproveitarem-se impunemente da crise, para despedir trabalhadores a seu belo prazer. Nunca depois do 25 de Abril se viu tanta injustiça junta, praticada pelo poder como agora.
Veja-se, a aprovação do recente Código de Trabalho, que vai a partir de agora funcionar como um instrumento ao serviço de uma maior exploração dos trabalhadores, o mais caricato é que este novo Código de Trabalho aparece pelas mãos do Partido Socialista como um embuste, de forma matreira para combater a crise (dizem), ou seja, os trabalhadores vão ser mais uma vez castigados como se fossem eles os autores e culpados desta crise, enquanto os verdadeiros culpados pavoneiam-se nos chiques salões perfumados da burguesia com a conivência, pelos vistos, da justiça e do governo. Coitados dos ricos, que têm perdido tanto dinheiro nas bolsas ou casinos.
É por demais conhecido e frequente ouvir as pessoas dizerem: Votar para quê? São todos iguais! Na verdade, se repararmos melhor não será bem assim. Para aqueles que se sentem enganados ou defraudados com as práticas políticas dos partidos que levaram este país à presente situação de penúria, resta-lhes, não o desânimo e resignação, mas sim, a busca de novas soluções ou opções existentes no panorama partidário, porque não basta lamentar-nos e continuarmos a usar as velhas receitas que já provaram não dar resultados. Se queremos a mudança efectiva de vida, temos de votar o nosso descontentamento nas urnas, caso contrário, teremos mais o mesmo.
O único momento em que o povo é chamado a decidir, é nas urnas eleitorais, fora disso, o povo não é ouvido nem achado para coisíssima nenhuma, por isso, o voto é de facto um acto e uma decisão muito importante, que deverá ser praticado não de ânimo leve, mas, com muita lucidez e espírito de solidariedade, que se traduza num melhor futuro para todos nós.
Por exemplo: Tem sido prática corrente em anos de eleições autárquicas, assistirmos ao aparecimento de candidaturas fictícias mais ou menos encomendadas, com promessas mediáticas de ilusões, que apenas tem por objectivo e finalidade subverter o resultado final, favorecendo o poder instalado em Santo Tirso. A presente e grave situação, não se compadece destas práticas políticas ditas independentes, encapotadas, que apenas, servem para desacreditar ainda mais a democracia e dividir, para alguém continuar a reinar.